O debate sobre a jornada de trabalho voltou ao centro da agenda nacional após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarar publicamente apoio ao fim da escala 6×1. Em postagem feita no sábado (6), o presidente afirmou que os trabalhadores brasileiros merecem mais tempo de descanso e defendeu a mudança para modelos mais equilibrados de jornada. A manifestação foi acompanhada de publicações no perfil oficial do governo federal reforçando que a gestão fechou questão sobre o tema.

No Congresso, o movimento ganhou força com o deputado Leo Prates (PDT-BA), presidente da Comissão de Trabalho, que protocolou um parecer favorável à adoção da escala 5×2 e à redução da jornada semanal de 44 para 40 horas sem corte salarial. O relatório, apresentado na sexta-feira (6), propõe a mudança por meio de um projeto de lei, alternativa considerada mais ágil e com menor exigência de votos em comparação a uma PEC.

Prates tem mantido diálogo direto com o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, e participou de audiências públicas em diferentes capitais do país. Segundo o parlamentar, a alteração na jornada pode elevar a produtividade e reduzir problemas de saúde mental, que têm levado milhares de trabalhadores ao afastamento por ansiedade e depressão. Para suavizar o impacto sobre empregadores, o substitutivo prevê implantação gradual: 42 horas semanais a partir de 2027 e 40 horas em 2028.

A discussão ocorre paralelamente à PEC 8/2025, de autoria da deputada Erika Hilton (PSOL-SP), que defende o fim da escala 6×1 e recebeu mais de 1,5 milhão de assinaturas. Após a leitura de parecer de um sub-relatório apresentado pelo deputado Luiz Gastão (PSD-CE), que mantém a escala 6×1 com ajustes e incentivos fiscais, Hilton criticou a proposta e reiterou apoio ao modelo defendido pelo governo: máximo de 5×2 e 40 horas semanais.

A ministra Gleisi Hoffmann, após analisar o parecer de Leo Prates, indicou que o governo deve respaldar a proposta. O deputado Vicentinho (PT-SP), representante do governo na discussão, reforçou que a posição oficial é pelo encerramento da escala 6×1 sem concessão de incentivos fiscais.

O tema segue em análise após pedido de vista coletiva, mas o alinhamento do Planalto com a pauta deve acelerar a tramitação da proposta nas próximas semanas.