A Câmara Municipal de São Paulo deve votar, nesta quinta-feira (4), o projeto de lei que pretende regulamentar o serviço de transporte de passageiros por motocicleta via aplicativo na capital. A proposta, elaborada pela Subcomissão do Serviço de Transporte Individual de Passageiros por Motocicleta, chega ao plenário após meses de debates, disputas judiciais e pressão de empresas, prefeitura e entidades do setor.
A regulamentação ocorre em meio à decisão da Justiça que determinou prazo até 10 de dezembro para que o município estabeleça regras para o serviço. O prefeito Ricardo Nunes (MDB) tentou suspender o prazo, mas o Tribunal de Justiça negou o pedido. Com isso, plataformas como 99 e Uber anunciaram que devem retomar as viagens de moto a partir de 11 de dezembro, retomada respaldada por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que considerou inconstitucional a lei que permitia aos municípios proibir o serviço.
Regras propostas para empresas e motociclistas
O projeto estabelece normas rigorosas para operação das plataformas e para os condutores. Entre elas:
Credenciamento das empresas
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Credenciamento obrigatório e renovado anualmente;
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Seguro APP obrigatório;
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Apresentação de plano inicial para criação de pontos de descanso e estacionamento;
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Análise do Executivo em até 60 dias.
Cadastro dos condutores
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Idade mínima de 21 anos e CNH A ou AB por no mínimo 2 anos, com EAR;
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Capacete adequado e touca descartável;
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Contribuição regular ao INSS;
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Curso especializado e ausência de infrações gravíssimas nos últimos 12 meses;
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Exame toxicológico com janela de 90 dias;
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Sem condenações por crimes contra a mulher, dignidade sexual ou correlatos.
Exigências para as motos
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Certificado de Segurança Veicular (CSV);
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Idade máxima de 8 anos;
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Placa vermelha (categoria aluguel);
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Alças laterais e traseiras, proteção para pernas e motor e antena "corta-pipa".
Responsabilidades das plataformas
As empresas deverão limitar a velocidade dentro do aplicativo, vincular apenas um veículo por condutor e compartilhar com a Prefeitura dados detalhados das viagens — origem, destino, trajetos, telemetria, avaliações e registros de sinistros. Também precisarão disponibilizar identificação do condutor e certificado do veículo dentro do app.
Proibições de circulação
O texto veta o transporte de passageiros por moto em:
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Corredores e faixas exclusivas de ônibus;
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Eventos adversos, como tempestades e baixa visibilidade;
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Vias de trânsito rápido;
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Minianel viário (Centro Expandido);
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Zona de Máxima Restrição de Circulação (ZMRC) de caminhões.
O Executivo também poderá definir áreas específicas de operação e pontos obrigatórios de embarque e desembarque.
Multas de até R$ 1,5 milhão
As penalidades incluem advertência, multa, suspensão e cassação de cadastro ou credenciamento. Para as plataformas, as multas variam entre R$ 4 mil e R$ 1,5 milhão, podendo ser aplicadas por dia enquanto houver descumprimento. Os valores serão atualizados pelo IPCA.
Posicionamento do município
A Prefeitura de São Paulo reiterou ser “rigorosamente contrária ao serviço de mototáxis”, citando riscos, alta taxa de acidentes e falta de regulamentação robusta. A Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana e Transporte analisa o projeto e as decisões judiciais.
Já 99 e Uber afirmam que o modelo adotado no Rio de Janeiro pode servir de base para o futuro regulamento municipal, e se dizem prontas para operar a partir de 11 de dezembro.
A votação desta quinta (4) deve definir o primeiro marco regulatório das motos por aplicativo na maior cidade do país e pode alterar significativamente a atuação das plataformas e o transporte individual sobre duas rodas em São Paulo.





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