O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, criticou duramente o modelo de escala 6×1 — no qual o trabalhador atua seis dias seguidos e tem apenas um de descanso — durante sessão na Câmara dos Deputados, nesta segunda-feira (10). Segundo ele, o formato é “perverso”, especialmente para as mulheres, e precisa ser revisto no contexto da legislação trabalhista.

O debate ocorreu durante audiência que tratou sobre a possível extinção do regime 6×1, proposta que integra um projeto de lei de autoria da deputada Erika Hilton (PSOL-SP). O texto vem sendo discutido entre o governo federal e parlamentares da base e da oposição.

Marinho afirmou que a discussão não se trata de limitar a produtividade das empresas, mas de repensar modelos de trabalho mais justos e equilibrados. “Todos reconheceram que a jornada 6×1 é perversa, em especial para as mulheres. É preciso que o poder de negociação dos sindicatos seja reestabelecido. Há um preconceito contra as entidades de trabalhadores que precisa ser superado”, disse o ministro.

Durante a fala, ele também questionou a necessidade de funcionamento ininterrupto de determinados setores, como o varejo. “É preciso que um supermercado trabalhe 24 horas por dia? O que leva a isso é a ânsia da concorrência de quem pode mais”, afirmou.

O ministro reconheceu que há resistência do mercado em relação à redução da jornada, mas ressaltou que várias empresas já adotam regimes de 36 horas semanais com bons resultados. Segundo ele, a discussão deve avançar de forma responsável, priorizando tanto o bem-estar do trabalhador quanto a sustentabilidade econômica.

O projeto de lei que trata do tema ainda está em fase de análise e deve passar por comissões antes de ir a votação no plenário.