O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, durante discurso no segundo dia da Cúpula do Clima, em Belém, nesta sexta-feira (7), que a guerra na Ucrânia, provocada pela invasão russa, “reverteu anos de esforços para reduzir emissões de gases de efeito estufa”. Segundo ele, os países têm destinado mais recursos à guerra do que ao combate à crise climática, o que “pavimenta o caminho para o apocalipse climático”.

“Gastaram com armas o dobro do que gastamos com ações climáticas. É pavimentar o caminho para o apocalipse climático. Não haverá segurança energética em um mundo consagrado”, disse Lula, ressaltando a contradição entre gastos militares e investimentos ambientais.

Durante o evento, o presidente destacou a urgência de combater a pobreza energética e de promover uma transição justa e inclusiva. Citou que cerca de dois bilhões de pessoas não têm acesso a combustíveis adequados para cozinhar, e que mais de 660 milhões dependem de lamparinas e geradores a diesel em regiões periféricas e rurais. “Sem energia, não há escolas, hospitais ou agricultura moderna. Precisamos enfrentar a injustiça das dívidas externas e apoiar os países em desenvolvimento”, pontuou.

Lula defendeu ainda o uso de lucros do petróleo para financiar a transição energética e anunciou a criação de um fundo voltado ao enfrentamento da crise climática e à promoção da justiça ambiental. “Direcionar parte dos lucros da exploração de petróleo permanece um caminho válido para os países em desenvolvimento”, afirmou.

O presidente destacou o etanol como matriz limpa e alternativa viável, ressaltando o papel do Brasil na produção de biocombustíveis. “Nossa gasolina tem 30% de etanol. É uma alternativa eficaz e disponível. É lamentável que pressões tenham adiado passos importantes”, disse.

Apesar das críticas à exploração de combustíveis fósseis, Lula defendeu que a transição precisa ser gradual e amparada em tecnologia e financiamento internacional. Ele mencionou ainda a necessidade de triplicar a energia renovável e dobrar a eficiência energética até 2030, além de eliminar a pobreza energética no mundo.

A Cúpula do Clima antecede a COP-30, que será realizada entre 10 e 21 de novembro em Belém, e busca atualizar compromissos multilaterais diante da urgência da crise climática global.