O presidente Luiz Inácio Lula da Silva precisou interromper sua participação na COP30, em Belém (PA), e retornar a Brasília para se dedicar a duas pautas de peso no Congresso Nacional: a sanção do projeto que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) e a articulação política em torno do Projeto de Lei Antifacção.

A proposta do IR, uma das principais promessas de campanha de Lula, eleva a isenção para quem recebe até R$ 5 mil mensais e concede descontos a contribuintes com renda de até R$ 7.350. A sanção da medida estava prevista para esta semana, mas foi adiada devido à necessidade de o presidente se envolver pessoalmente nas negociações do PL Antifacção, que movimentou o Congresso e gerou divergências entre o governo e parte da base parlamentar.

O relator do texto, deputado Guilherme Derrite (Progressistas-SP), havia apresentado um substitutivo que equiparava facções criminosas ao crime de terrorismo e retirava atribuições da Polícia Federal, o que desagradou ao Executivo. Diante do impasse, Lula convocou ministros e aliados para uma intensa rodada de conversas, articulando a retirada das mudanças. A ofensiva deu resultado: Derrite recuou e apresentou uma terceira versão, mais alinhada à proposta original do governo, rebatizando o projeto como Marco Legal de Combate ao Crime Organizado.

Com o texto ajustado, a expectativa é que o projeto seja votado ainda hoje no plenário da Câmara. Superada essa pauta, o governo deve concentrar esforços na cerimônia de sanção do reajuste da tabela do IR, que Lula pretende transformar em um ato político de alto impacto, reforçando a imagem de cumprimento de promessas e de atenção à classe trabalhadora.

A movimentação ocorre em um momento em que pesquisas, como a da Quaest, apontam queda na popularidade do presidente — fator que reforça o peso simbólico da sanção do IR no cenário político e social.