A França anunciou um reforço significativo de sua atuação diplomática na América Latina com o objetivo de ampliar a cooperação internacional no combate ao narcotráfico e às redes de crime organizado. A iniciativa foi detalhada pelo ministro das Relações Exteriores francês, Jean-Noël Barrot, em entrevista ao semanário Journal du Dimanche, neste sábado (8), e representa uma reorientação estratégica diante do avanço do tráfico de drogas que afeta diretamente o território francês.
Segundo Barrot, o país aumentará em 20% o número de especialistas lotados em suas embaixadas na região e triplicará os meios de intervenção dedicados ao combate ao narcotráfico. O ministro destacou que a cooperação diplomática tem gerado resultados importantes, especialmente nas parcerias com países produtores e de trânsito de drogas, mas frisou que a atual capacidade ainda é insuficiente frente ao crescimento de organizações criminosas transnacionais.
Um dos pontos centrais do plano francês é a criação, em 2026, de uma academia regional de combate ao crime organizado, que será sediada na República Dominicana. A instituição formará anualmente cerca de 250 profissionais, entre investigadores, agentes alfandegários, magistrados e analistas financeiros. A expectativa é que o centro fortaleça a integração entre países aliados, oferecendo capacitação contínua e promovendo métodos modernos de investigação.
Em sua agenda recente, Barrot esteve na Colômbia para participar da cúpula entre a União Europeia e a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), fórum que tem reforçado discussões sobre segurança regional, desenvolvimento sustentável e cooperação multilateral. Antes disso, o ministro acompanhou o presidente Emmanuel Macron em visita oficial ao México, ocasião em que ambos os países assinaram um acordo de cooperação aduaneira voltado a estratégias conjuntas de combate ao tráfico internacional.
O chanceler francês justificou o esforço diplomático afirmando que a França enfrenta um crescimento preocupante no consumo e na circulação de cocaína. Ele declarou estar reorganizando completamente o Ministério das Relações Exteriores para que a pasta exerça de forma plena sua função no enfrentamento às drogas, integrando ações internacionais, inteligência e articulações estratégicas com parceiros da América Latina.
O conjunto das iniciativas coloca a França em uma posição mais ativa dentro das políticas globais de repressão ao narcotráfico, reforçando vínculos com países latino-americanos e ampliando sua presença institucional em áreas consideradas essenciais para reduzir o avanço das organizações criminosas e seus impactos na Europa.




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