O Brasil registrou 358.553 pessoas em situação de rua em outubro de 2025, segundo levantamento do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com População em Situação de Rua (OBPopRua), vinculado à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O estudo revela uma concentração alarmante no Sudeste, que abriga 60% da população de rua do país.
O estado de São Paulo lidera com 148.730 pessoas, sendo que 99.477 vivem na capital paulista, número que aproxima a cidade dos 100 mil moradores em situação de rua — o maior já registrado. Em seguida, aparecem o Rio de Janeiro, com 33.081 pessoas, e Minas Gerais, com 32.685, consolidando o domínio da região Sudeste.
O levantamento, baseado em dados do CadÚnico, mostra que a região Sul também tem índices significativos, ainda que menores: Paraná (17.091), Rio Grande do Sul (15.906) e Santa Catarina (11.805). Entre os estados do Nordeste e Norte, os destaques são Bahia (16.603), Ceará (13.625) e Roraima (9.954).
O dado de Roraima chama atenção: o estado registrou crescimento de quase 900% desde 2018, quando havia pouco mais de mil pessoas em situação de rua. Hoje, a capital Boa Vista, com menos de 500 mil habitantes, tem mais pessoas sem moradia do que Brasília, Recife e Manaus, cidades com populações muito maiores.
De 2018 para cá, o número total de brasileiros vivendo nas ruas saltou de 138 mil para 358 mil, um aumento de mais de 150%. O levantamento aponta ainda que a maioria dessa população é negra, adulta e em extrema vulnerabilidade social.
“O descumprimento da Constituição Federal de 1988 com as pessoas em situação de rua continua no Brasil, com pouquíssimos avanços na garantia de direitos dessa população historicamente marginalizada”, declarou o OBPopRua, em nota oficial.
Os pesquisadores também criticaram a falta de transparência nos dados oficiais, que, segundo eles, deveriam ser abertos, públicos e acessíveis a toda a sociedade, para subsidiar políticas públicas de acolhimento, moradia e reintegração social.



0 Comentários