O clima político entre o União Brasil e o ministro do Turismo, Celso Sabino, se agravou nas últimas semanas e deve culminar em uma decisão importante nesta quarta-feira (8), quando a executiva nacional do partido se reunirá para votar a possível expulsão do ministro por infidelidade partidária. A convocação foi anunciada pelo governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), neste domingo (5), em publicação nas redes sociais.

Segundo Caiado, o encontro também deve tratar da dissolução do diretório estadual do Pará, atualmente presidido por Sabino. “O União Brasil precisa ser comandado por quem realmente se posiciona contra o governo do PT e luta contra a venezuelização do Brasil”, afirmou o governador, reforçando o discurso de oposição adotado pelo partido neste ano.

A crise teve início após Sabino recuar da decisão de deixar o governo Lula, contrariando o ultimato dado pela federação União Progressista — aliança entre União Brasil e PP —, que determinou que todos os filiados com cargos federais deveriam se desligar da gestão petista sob pena de expulsão.

Em 26 de setembro, o ministro chegou a apresentar seu pedido de demissão, mas acabou mantido no cargo a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Dias depois, Sabino declarou publicamente que “apoiará Lula onde quer que esteja”, o que intensificou a insatisfação interna.

O processo disciplinar foi aberto em 30 de setembro e tem como relator o deputado Fábio Schiochet (União Brasil-SC), responsável por apresentar parecer na reunião da executiva. “Esperamos que o ministro tenha coerência e siga a orientação partidária”, afirmou o parlamentar.

Além do risco de expulsão, Sabino pode ver seus planos eleitorais no Pará prejudicados, já que o diretório estadual — que ele preside — também está sob avaliação. O ministro, que pretende disputar o Senado em 2026, vem participando de eventos estratégicos, como o Círio de Nazaré e a COP 30, em Belém, buscando fortalecer sua imagem no estado.

O União Brasil, que no início do governo Lula se declarava parte da base aliada, mudou de posição em 2025 e passou a integrar a oposição, formando junto com o PP a federação União Progressista, que soma 109 deputados federais e 13 senadores — o maior bloco da Câmara.

Situação semelhante ocorre com o ministro do Esporte, André Fufuca (PP-MA), que também resiste às pressões do Progressistas para deixar o governo. Mesmo sob risco de punição, Fufuca deve acompanhar Lula em agenda no Maranhão nesta segunda-feira (6).