A Islândia, um dos últimos lugares do planeta livre de mosquitos, registrou pela primeira vez a presença desses insetos em seu território. A descoberta foi confirmada nesta segunda-feira (20) por Matthias Alfredsson, entomólogo do Instituto de Ciências Naturais da Islândia. Segundo o pesquisador, três exemplares — duas fêmeas e um macho — da espécie Culiseta annulata foram capturados a cerca de 30 quilômetros ao norte da capital, Reykjavik.

Essa espécie é comum em diversas regiões da Europa e possui grande tolerância a baixas temperaturas. Os mosquitos foram detectados através de uma técnica utilizada normalmente para atrair mariposas: cordas embebidas em uma mistura de vinho quente e açúcar, penduradas ao ar livre. “Este é o primeiro registro de mosquitos no ambiente natural da Islândia”, afirmou Alfredsson.

O entomólogo explicou que, há alguns anos, um único exemplar da espécie ártica Aedes nigripes havia sido encontrado em um avião no aeroporto de Keflavik, mas acabou se perdendo, sem sinais de reprodução no país. Desta vez, porém, os insetos foram localizados em ambiente natural, o que pode representar um marco biológico para a fauna islandesa.

A principal hipótese é de que os mosquitos tenham sido introduzidos recentemente, possivelmente através de navios, contêineres ou cargas marítimas vindas da Europa continental. Apesar de a mudança climática favorecer a expansão de insetos para regiões frias, Alfredsson destacou que esse não parece ser o caso.

“A Culiseta annulata é capaz de hibernar como adulta em locais protegidos, resistindo a invernos rigorosos”, explicou o cientista. Essa característica aumenta suas chances de sobrevivência e adaptação às condições islandesas. Os especialistas pretendem intensificar o monitoramento durante a primavera para verificar se a espécie realmente conseguiu se estabelecer no país.

O registro é considerado inédito e pode ter implicações ecológicas importantes, já que a presença de mosquitos pode afetar o equilíbrio ambiental e até a saúde pública em uma nação que, até então, era conhecida por estar livre desses insetos.