O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) demonstrou otimismo quanto à resolução do impasse comercial entre Brasil e Estados Unidos, após um gesto conciliador do presidente americano Donald Trump. Em entrevista concedida neste sábado (25), na Malásia, Lula afirmou que acredita em uma solução para o chamado “tarifaço”, imposto por Washington em agosto, que elevou em 50% as tarifas sobre exportações brasileiras.

O encontro entre os dois líderes deve ocorrer neste domingo (26), durante a cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean), e promete ser o primeiro diálogo presencial desde a implementação das medidas americanas. Segundo o governo dos EUA, a sobretaxa teve motivação econômica e política, incluindo críticas à condução de processos judiciais no Brasil envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro e ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, alvo de sanções com base na Lei Magnitsky.

Vamos colocar na mesa os problemas e tentar encontrar uma solução. Pode ficar certo que vai ter uma solução”, declarou Lula, após reunião com autoridades locais em Putrajaya, capital administrativa da Malásia. O presidente brasileiro reforçou que não há imposições de nenhum dos lados e que a negociação será conduzida com base na diplomacia e no respeito mútuo.

Mais cedo, Trump afirmou a jornalistas que poderia “rever as tarifas sob as circunstâncias certas” e confirmou sua intenção de se reunir com Lula. Fontes diplomáticas indicam que as conversas entre os dois países já vêm ocorrendo há dias, com trocas técnicas sobre mercado de etanol, comércio agrícola e regulação de plataformas digitais.

No Palácio do Planalto, a expectativa é de que o encontro sirva para reaproximar os dois governos e abrir caminho para uma nova fase nas relações bilaterais, após meses de tensão diplomática. Além das tarifas, Lula deve abordar as sanções aplicadas a autoridades brasileiras, buscando restabelecer a cooperação em áreas estratégicas e reduzir o clima de desconfiança que marcou o início do ano.