O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) voltou ao centro das atenções, mas desta vez não por fraudes ou falhas administrativas, e sim por sua projeção de insustentabilidade financeira nas próximas décadas. De acordo com estimativas presentes no projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2026, enviado pelo governo ao Congresso Nacional, o déficit do INSS deverá mais que quadruplicar nos próximos 75 anos, impulsionado principalmente pelo envelhecimento da população brasileira.
Segundo o documento, o déficit estimado para 2025 é de R$ 328 bilhões, o equivalente a 2,58% do Produto Interno Bruto (PIB). Já para o ano de 2100, a previsão é que o rombo chegue a R$ 30,88 trilhões, ou 11,59% do PIB. Para os economistas, a comparação com o PIB é a métrica mais eficaz para avaliar a real proporção do desequilíbrio fiscal, pois leva em consideração o crescimento econômico e a capacidade de arrecadação do país.
O principal fator por trás dessa escalada do déficit é demográfico: a população brasileira está envelhecendo de forma acelerada, e o número de nascimentos já não compensa o ritmo de aposentadorias. Com isso, o sistema previdenciário baseado na repartição simples — em que os trabalhadores ativos financiam os benefícios dos aposentados — fica cada vez mais pressionado.
Hoje, já se nota a redução da base de contribuintes diante do aumento de beneficiários. A proporção de pessoas na faixa etária economicamente ativa deve cair drasticamente ao longo das próximas décadas. Menos contribuintes sustentando mais aposentados significa maior pressão sobre as contas públicas, agravando o desequilíbrio entre arrecadação e despesa.
Especialistas apontam que, diante dessa perspectiva, uma nova reforma da Previdência será inevitável no futuro. A última reforma, aprovada em 2019, aumentou a idade mínima para aposentadoria e reduziu o ritmo de crescimento do déficit, mas não foi suficiente para conter as projeções de longo prazo.
A equipe econômica do governo federal acompanha o cenário com preocupação e reconhece que será necessário repensar o modelo previdenciário. Soluções em debate vão desde o incentivo a regimes complementares de capitalização até políticas de estímulo à natalidade e ao prolongamento da vida laboral. Ainda assim, todas essas alternativas exigem amplo debate político e social, além de medidas estruturais que levem em conta o perfil demográfico em transformação.
Enquanto isso, a sociedade brasileira terá de lidar com o desafio de equilibrar solidariedade intergeracional, responsabilidade fiscal e justiça social — pilares que sustentam qualquer sistema de Previdência viável a longo prazo.
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