O União Brasil e o PP oficializaram nesta terça-feira (29), em um ato no Congresso Nacional, a formação da federação partidária União Progressista, que passa a atuar de forma unificada nas esferas nacional, estadual e municipal pelos próximos quatro anos. Juntas, as siglas somam 109 deputados, 14 senadores, seis governadores e cerca de 1,3 mil prefeitos, tornando-se uma das maiores forças políticas do país.

O modelo de federação exige que os partidos atuem como uma só legenda, com alinhamento em votações e campanhas. Com isso, as decisões sobre candidaturas e apoios, como o de 2026 à Presidência da República, precisarão ser consensuais — o que pode ser um desafio, considerando que parte da base apoia o governo Lula e outra segue alinhada ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

Comando dividido e indefinições

A presidência da federação, que inicialmente foi cogitada para Arthur Lira (PP-AL), acabou sendo compartilhada entre os atuais presidentes das siglas: Ciro Nogueira (PP) e Antônio Rueda (União Brasil). A partir de 2025, a União Progressista terá um único presidente, ainda a ser definido.

Ministério e relação com o Planalto

A composição da federação também reacendeu a discussão sobre cargos no governo Lula. Apesar de o PP comandar o Ministério do Esporte e a Caixa Econômica Federal, há divergências internas sobre continuar na Esplanada. No União Brasil, há nomes que defendem manter ministérios, como o das Comunicações, comandado atualmente por Frederico Siqueira Filho — indicado por Davi Alcolumbre.

2026 no radar

O futuro apoio presidencial em 2026 ainda é incerto. Ciro Nogueira afirmou categoricamente que o PP não apoiará Lula. Já o União Brasil está dividido, com parte da sigla flertando com uma candidatura própria, como a do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, e outra aberta ao diálogo com o Planalto.

Fundo eleitoral bilionário

A União Progressista deverá receber a maior fatia do fundo eleitoral entre os 29 partidos registrados no TSE. Se a federação já estivesse em vigor nas eleições de 2024, as duas legendas arrecadariam juntas cerca de R$ 1 bilhão em recursos públicos para financiamento de campanha.

A criação da União Progressista reposiciona o eixo do poder no Congresso e fortalece a presença do Centrão na disputa política nacional — com grande impacto sobre o futuro do governo Lula e das eleições de 2026.