As cerca de 120 mil crianças da rede municipal de ensino de Guarulhos não receberam ovos de Páscoa neste ano. A suspensão da tradicional entrega, no entanto, não foi por falta de vontade do atual prefeito,
Lucas Sanches (PL), que é favorável à iniciativa e já garantiu que a distribuição será retomada em 2026, após nova licitação.

O motivo do cancelamento em 2025 foi um alerta emitido pelo Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP), que apontou graves irregularidades no contrato firmado durante a gestão do ex-prefeito Guti (PSD). Segundo os técnicos do TCE, o contrato com a empresa W&C Alimentos Eireli, firmado em 2022 e utilizado também em 2023 e 2024, apresentava preço acima do mercado e uso indevido de recursos do PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar) — o que é proibido pela Resolução nº 6/2020 do programa federal.

A contratação previa a compra de 119 mil ovos de Páscoa de 180g por mais de R$ 2,7 milhões, com custo superior a R$ 22 por unidade. O caso está em fase de conclusão no gabinete da conselheira Cristiana de Castro Moraes, e, após parecer, será avaliado em plenário pelo TCE-SP.

Em vídeo publicado nas redes sociais, Lucas Sanches lamentou a situação, mas destacou sua responsabilidade com o dinheiro público. “Não posso simplesmente usar um contrato considerado irregular e efetuar o pagamento com recursos da Prefeitura. Vamos fazer uma nova licitação, da forma correta, para garantir que, no próximo ano, nossos alunos possam ter a alegria da Páscoa nas escolas”, declarou.

Compromisso com as crianças

Mesmo diante da impossibilidade legal de manter o contrato anterior, Lucas reafirmou que é a favor da entrega de ovos de Páscoa nas escolas, por entender o valor simbólico e afetivo da ação para as crianças da cidade. A nova licitação já está sendo elaborada pela Secretaria de Assistência Social, com previsão de conclusão antes do período pascal de 2026.

Após o anúncio do cancelamento, o ex-prefeito Guti criticou publicamente a suspensão da entrega e insinuou que o atual governo estaria “segurando” a ação por razões eleitorais, já que 2026 será ano de eleições municipais.

Em nota, a assessoria de Guti alegou que o contrato com a W&C Alimentos foi considerado legal pelo Ministério Público Estadual, que teria reconhecido o caráter excepcional da contratação em função do contexto da pandemia e com base nos direitos previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente.

Apesar disso, o posicionamento técnico do TCE-SP segue em vigor, e a gestão Lucas optou por seguir as orientações legais para evitar riscos jurídicos e garantir total transparência no uso dos recursos públicos.

Com isso, o compromisso está feito: em 2026, a Páscoa volta às escolas. Mas, desta vez, com responsabilidade, legalidade e respeito ao dinheiro do contribuinte.