Parlamentar do Amapá substitui Rodrigo Pacheco (PSD-MG) no cargo e retoma a presidência após quatro anos


O senador Davi Alcolumbre (União-AP), de 47 anos, foi eleito presidente do Senado neste sábado (1º) com 73 votos. Alcolumbre, que já havia ocupado o cargo no biênio 2019-2020, retorna ao posto após quatro anos, substituindo Rodrigo Pacheco (PSD-MG).


A votação contou com a participação de todos os 81 senadores, e o parlamentar do Amapá superou com ampla vantagem seus concorrentes. O resultado final foi:

  • Davi Alcolumbre (União-AP): 73 votos (eleito)

  • Astronauta Marcos Pontes (PL-SP): 4 votos

  • Eduardo Girão (Novo-CE): 4 votos


Logo após a proclamação do resultado, imagens do plenário mostraram os senadores Randolfe Rodrigues (PT-AP) e Flávio Bolsonaro (PL-RJ) repassando ligações para Alcolumbre. Segundo os parlamentares, as ligações eram dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), respectivamente.


Alianças e Apoios

Ainda em 2024, Alcolumbre já havia costurado um amplo arco de alianças, reunindo apoio de partidos tanto da base governista quanto da oposição. Ele conseguiu angariar o suporte de siglas que, juntas, representam 73 senadores, incluindo PSD, PL, MDB, PT, União Brasil, PP, PSB, Republicanos e PDT, além de parlamentares do Podemos e PSDB.


A ampla maioria tornou sua eleição praticamente certa, consolidando-o como um nome de consenso entre diferentes correntes políticas do Senado.


Experiência e Desafios

Em sua primeira gestão à frente do Senado (2019-2021), Alcolumbre se destacou ao barrar a candidatura de Renan Calheiros (MDB-AL), em uma disputa polêmica que chegou a registrar um "voto fantasma" na contagem final. Sua reeleição imediata foi impedida por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), o que o levou a apoiar Rodrigo Pacheco, que permaneceu no cargo de 2021 a 2025.


Nos últimos quatro anos, Alcolumbre presidiu a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a mais importante da Casa, desempenhando um papel-chave na articulação política e na destinação de emendas parlamentares. Sua atuação como "primeiro-ministro" do Senado fortaleceu sua influência no Congresso.


Agora, o desafio de sua nova gestão inclui a pressão por maior transparência nas emendas parlamentares, especialmente as chamadas "emendas de comissão". Alcolumbre também deverá equilibrar os interesses da base governista e da oposição, que já reivindicam espaço em cargos estratégicos.


Impacto Político e Expectativas

O retorno de Alcolumbre ao comando do Senado pode significar uma gestão mais conciliadora, mas também abre espaço para a oposição a Lula. Diferentemente de Rodrigo Pacheco, Alcolumbre articulou também com o PL, partido de Bolsonaro, e já sinalizou a possibilidade de distribuir cargos importantes a opositores do governo.


Entre os nomes cotados para compor a nova estrutura do Senado estão:

  • Eduardo Gomes (PL-TO): cotado para a primeira vice-presidência;

  • Flávio Bolsonaro (PL-RJ): pode assumir a Comissão de Segurança Pública;

  • Damares Alves (Republicanos-DF): deve presidir a Comissão de Direitos Humanos.


Com um perfil pragmático e grande habilidade de articulação, Alcolumbre assume o Senado em um momento político desafiador, no qual precisará mediar demandas da base governista e da oposição, que busca avançar pautas como a anistia dos presos do 8 de janeiro e pedidos de impeachment contra ministros do STF.


A nova gestão do Senado terá reflexos diretos no equilíbrio de forças no Congresso e na relação entre Legislativo e Executivo nos próximos dois anos.