O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu nesta segunda-feira (18), no Rio de Janeiro, a Cúpula de Líderes do G20, destacando o compromisso brasileiro com o combate à fome e à pobreza. O evento marca a primeira vez que o Brasil assume a presidência do G20, grupo que reúne as 19 maiores economias do mundo, além da União Europeia e, agora, a União Africana.
Durante seu discurso de abertura, Lula criticou o elevado investimento global em guerras, que alcança 2,4 trilhões de dólares, em contraste com os 733 milhões de pessoas que ainda enfrentam a fome, segundo dados da FAO. "A fome e a pobreza são produtos de decisões políticas que perpetuam a exclusão de grande parte da humanidade. Isso é inaceitável", afirmou o presidente.
Aliança Global contra a Fome e a Pobreza
Lula aproveitou o encontro para lançar oficialmente a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, o principal legado da presidência brasileira no G20. A iniciativa já conta com a adesão de 81 países, 26 organizações internacionais, 9 instituições financeiras e 31 organizações filantrópicas e ONGs.
O objetivo da Aliança é articular recomendações internacionais, políticas públicas e novas fontes de financiamento para combater a fome e promover a segurança alimentar. O Brasil, que em 2014 saiu do Mapa da Fome da FAO, voltou à lista em 2022. Contudo, programas sociais como o Bolsa Família e o Programa Nacional de Alimentação Escolar já retiraram 24,5 milhões de brasileiros da extrema pobreza nos últimos dois anos.
“Até 2026, o Brasil sairá novamente do Mapa da Fome. Com a Aliança, faremos muito mais, colocando os invisíveis no centro da agenda internacional”, declarou Lula.
Desafios globais e contrastes locais
O presidente também chamou atenção para os desafios globais, como conflitos armados, mudanças climáticas e desigualdades sociais. "Temos o maior número de conflitos armados desde a Segunda Guerra Mundial e a maior quantidade de deslocamentos forçados já registrada", lamentou.
Ao mesmo tempo, Lula destacou o simbolismo do Rio de Janeiro, cidade-sede do evento, que reflete os contrastes do Brasil: beleza natural e diversidade cultural convivendo com profundas desigualdades sociais.
Participação internacional
O encontro contou com a presença de líderes como Joe Biden (EUA), Xi Jinping (China), Emmanuel Macron (França) e Giorgia Meloni (Itália). O único ausente foi Vladimir Putin, da Rússia.
Próximos passos
A presidência brasileira do G20 também prioriza a reforma das instituições de governança global, como a ONU, e o enfrentamento das mudanças climáticas. Apesar de não ter caráter vinculativo, o G20 define diretrizes e compromissos que podem influenciar políticas econômicas e sociais no cenário global.
Lula encerrou seu discurso com um apelo à ação. “Que esta cúpula seja marcada pela coragem de agir. O destino da Aliança contra a Fome é global, e seu impacto será o maior legado desta reunião.”
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