Investigação da Polícia Federal revela motivações políticas por trás do assassinato da vereadora
Neste domingo, 24 de março, a Polícia Federal divulgou os resultados de uma investigação que trouxe à luz os mandantes por trás do brutal assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes. Segundo o inquérito, os irmãos Brazão, o deputado federal Chiquinho Brazão e o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro Domingos Brazão, foram os responsáveis por ordenar o crime. O motivo? A atuação política de Marielle, que representava um obstáculo aos interesses dos irmãos.
As prisões preventivas dos dois irmãos, juntamente com a do ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Rivaldo Barbosa, foram efetuadas na manhã deste domingo. Barbosa é acusado de desviar o foco das investigações, contribuindo para a proteção dos verdadeiros mandantes do assassinato. Ele assumiu o cargo de chefia da Polícia Civil um dia antes do trágico evento que tirou a vida de Marielle Franco, ocorrido há seis anos, em 14 de março de 2018.
Segundo relatos do ministro Alexandre de Moraes, a decisão de planejar a execução de Marielle teve origem no segundo semestre de 2017, após uma reação exacerbada de Chiquinho Brazão à participação da vereadora na votação de um projeto de lei complementar de autoria do próprio Brazão. O projeto tratava da regulamentação fundiária em determinadas regiões do Rio de Janeiro, onde os interesses dos irmãos estavam em jogo.
O inquérito, que totaliza 479 páginas, destaca a presença de Marielle em comunidades de Jacarepaguá como um ponto crucial que atrapalhava os interesses políticos dos irmãos Brazão. Nessas áreas, predominantemente controladas por milícias, os Brazão mantinham uma significativa base eleitoral.
A operação da Polícia Federal, iniciada após a posse do presidente Lula, foi elogiada pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, como um "triunfo do povo brasileiro contra a criminalidade avançada". Para Lewandowski, além de revelar o modus operandi das milícias do Rio de Janeiro, as investigações podem levar à resolução de outros casos.
Quanto ao papel de Rivaldo Barbosa, embora não tenha sido o idealizador do crime, foi responsável pelo planejamento meticuloso da execução, conforme destacou Alexandre de Moraes. Sua nomeação estratégica de um delegado de confiança na Delegacia de Homicídios, logo após o assassinato, contribuiu para a obstrução das investigações.
A revelação do envolvimento de Barbosa na trama do assassinato chocou familiares de Marielle e figuras públicas próximas à vereadora, como o político Marcelo Freixo, que expressou sua consternação nas redes sociais.
Com a prisão dos mandantes e aprofundamento das investigações, espera-se que justiça seja feita não apenas para Marielle Franco e Anderson Gomes, mas também para todas as vítimas da violência política e criminal no Brasil.
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