Uma mudança histórica foi ratificada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que oficialmente adotou o termo "Favela" em substituição a "Aglomerados Subnormais". Essa transição foi impulsionada pela Central Única das Favelas (CUFA), em uma parceria que marcou um marco significativo para a representação e o reconhecimento das comunidades em todo o Brasil.


Durante um grande seminário, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, endossou a decisão do IBGE, respaldando a mudança proposta pela CUFA. A colaboração entre o IBGE, o Ministério do Planejamento, o Data Favela e a CUFA resultou em importantes dados colhidos diretamente nas comunidades. O projeto "Favela no Mapa" foi um passo fundamental para munir o Governo Federal com informações que buscam orientar políticas públicas mais assertivas para o desenvolvimento desses territórios.


A parceria entre as entidades revelou dados relevantes:


1. Mais de 13 mil favelas estão presentes no Brasil.

2. Estima-se que mais de 17 milhões de habitantes residam nesses locais.

3. Se unidas, as favelas brasileiras representariam o terceiro maior Estado do país.

4. O poder de consumo anual das favelas atinge a marca de R$ 202 bilhões.


Para Celso Athayde, CEO da Favela Holding e fundador da CUFA, a mudança vai além do nome. Athayde compartilhou sua história pessoal e a importância da representatividade das favelas. Ele enfatizou o esforço contínuo para mudar a narrativa que cerca essas comunidades, buscando uma realidade mais justa e digna para seus moradores.


A trajetória para alterar a classificação das favelas nos estudos do IBGE começou com a criação do instituto Data Favela, há 15 anos, em parceria com Renato Meirelles. Essa iniciativa contribuiu significativamente para mostrar a verdadeira potência e capacidade dessas comunidades, culminando na realização do Censo 2023 em colaboração com o IBGE.


A mudança do termo "Aglomerados Subnormais" para "Favela" é um reflexo do desejo de reconhecimento e não uma simples mudança de nomenclatura. Athayde enfatiza a importância de manter a realidade visível, sem suavizações que mascarem as dificuldades enfrentadas, ao mesmo tempo que celebra o potencial dessas comunidades.


A atitude do IBGE é aplaudida não apenas por legitimar uma expressão, mas por estar alinhada com a população que é estudada, demonstrando um avanço na inclusão e representatividade.


Essa mudança não busca romantizar as favelas, mas sim dar voz e visibilidade às comunidades, destacando tanto suas potências como suas necessidades. É um passo fundamental para garantir uma representação justa e real desses territórios em todo o Brasil.